No Brasil, a primeira corporação de bombeiros foi criada em 7 de agosto de 1636, durante a ocupação holandesa no território que hoje compreende o Estado de Pernambuco. A Companhia Brantmeesters (mestres do fogo) é considerado o primeiro serviço de extinção de incêndios das Américas. Porém, o Imperador Dom Pedro II demonstrou preocupação com os perigos do fogo na capital imperial. Sendo assim, o Decreto nº 1.775, de 2 de julho de 1856 regulamentou o serviço de extinção aos incêndios, o que consagrou o Imperador Dom Pedro II como Patrono dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil.
O Decreto unificava os serviços que eram executados nos Arsenais da Marinha, Obras Públicas e Casas de Correção.
Com o passar do tempo e com a Proclamação da República, os Estados que possuíam melhores condições financeiras passaram a constituir seus próprios Corpos de Bombeiros. As primeiras corporações foram criadas dentro da estrutura das Forças Públicas Estaduais, antiga denominação das Polícias Militares.
O Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina foi criado como parte da então Força Pública de Santa Catarina, hoje Polícia Militar, por meio da Lei 1.288, de 16 de setembro de 1919. No entanto, sua ativação ocorreria anos depois.
Em 3 de agosto de 1926, o Governador do Estado manifestou interesse em criar o "Corpo de Bombeiros de Florianópolis", em reunião no Palácio do Governo, com a presença de representantes do comércio local. Assim, nomeou uma comissão presidida pelo empresário Max Hoepcke, e que tinha como componentes os comerciários Eduardo Horn, Paschoal Simone e José Daux. Os trabalhos seriam secretariados pelo Sr. Lauro Linhares. A comissão tinha como responsabilidade angariar o auxílio dos demais comerciantes, indistintamente, para obter os recursos para aquisição de material para os bombeiros.
O Deputado Adolpho Konder foi o responsável por conseguir, junto ao Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (hoje Rio de Janeiro) o capital técnico para treinar os membros da Seção de Bombeiros. Para a tarefa, aquela corporação apresentou o 2º Tenente Domingos Maisonette, acompanhado por dois auxiliares.
O Boletim nº 257, de 15 de setembro de 1926, transferiu integrantes da Força Pública para a Seção de Bombeiros, assim como designou um oficial para comandá-la. No mesmo boletim, publicou-se a apresentação dos militares oriundos do Distrito Federal.
A instalação foi efetivada em solenidade ocorrida às dez horas da manhã de 26 de setembro de 1926. Presentes no evento o Governador Antônio Vicente Bulcão Viana, o Comandante da Força Pública, Tenente-Coronel Pedro Lopes Vieira e demais autoridades. A Seção dispunha de duas bombas a vapor (uma manual e outra cisterna), seis seções de escadas de assalto (sendo uma de gancho para acesso à sacadas), dois aparelhos hidrantes de incêndio, ferramentas de sapa e uma quantidade de mangueiras para permitir o funcionamento regular e eficiente dos trabalhos que seriam desenvolvidos pela Seção. Naquela data, a 15ª corporação de bombeiros do Brasil ganhava vida.
Florianópolis, dezembro de 1930 - Efetivo da Seção de Bombeiros.
Comandada pelo 2º Tenente da Força Pública Waldemiro Ferraz de Jesus, a Seção de Bombeiros da Força Pública de Santa Catarina foi instalada provisoriamente nos fundos da Inspetoria de Obras e Saneamento, na Rua Tenente Silveira, centro de Florianópolis, e contava com 27 praças e um oficial. A primeira prontidão de incêndio foi escalada em 1º de outubro, composta por 11 homens, tendo naquele mesmo dia atendido a ocorrência exordial dos serviços. Um menor foi até a Seção comunicar um princípio de incêndio na residência número 6 da mesma rua, provocado pelo excesso de fuligem na chaminé de ferro. O fogo foi extinto com o auxílio da bonba manual armada no jardim da casa, sendo estendida uma linha de mangueira até o telhado.
Em dezembro de 1926, a Seção passou a operar a partir do Quartel-General da Força Pública, na Rua Visconde de Ouro Preto. Entre 1929 e 1930 ocorreram as obras do Pavilhão do Corpo de Bombeiros, hoje conhecido como Quartel Histórico.
Florianópolis, década de 60 - Quartel do Corpo de Bombeiros.
Em agosto de 1957 a corporação recebeu a primeira Auto Escada Mecânica, importada da Alemanha, além de um caminhão norte-americano. A expansão inicial dos serviços ocorreu em 13 de agosto de 1958 para o interior do Estado, com a instalação de uma Estação de Bombeiros na cidade de Blumenau. Posteriormente, nas cidades de Itajaí (15 de maio de 1962), Chapecó (13 de abril de 1965) e Lages (25 de setembro de 1965).
Na década de 1960 foi criado o serviço de Salvamento Aquático, para oferecer segurança às pessoas que, em número cada vez maior, procuravam as praias do litoral catarinense. Inicialmente oferecido na Praia do Balneário de Camboriú, a Polícia de Salvamento evoluiu para os atuais Guarda-Vidas, presentes em todo o litoral catarinense e localizações estratégicas no interior e Oeste, cuja balneabilidade é um atrativo.
Nos anos 1970, em virtude dos grandes incêndios ocorridos principalmente na cidade de São Paulo, os conhecimentos adquiridos junto à corporação daquele Estado e a necessidade de medidas preventivas em edificações, surgiam as Atividades Técnicas, hoje consolidadas na Diretoria de Segurança Contra Incêndio.
Na data de 8 de novembro de 1982, o Governo do Estado firmou um contrato de arrendamento (leasing) com o objetivo de modernizar e padronizar a frota do Corpo de Bombeiros, adquirindo 4 auto escadas (três com 37 metros e uma com 44 metros), 16 caminhões-tanque (Auto Tanque), 10 caminhões leves (Auto Comando de Área) e 24 caminhões para combate a incêndio (Auto Bomba Tanque), totalizando 54 viaturas. Naquela época, a frota contava com 47 viaturas.
Na data de 12 de abril de 1985, em solenidade realizada no centro da cidade, era instalada a Seção de Combate a Incêndio de Dionísio Cerqueira. Por anos, foi a única unidade de bombeiros responsável por atender o Extremo Oeste de Santa Catarina, parte do sudoeste do Paraná e eventualmente ocorrências na Argentina.
Dionísio Cerqueira, 12 de abril de 1985 - Instalação da Seção de Combate a Incêndio. Nesta data, assumiu o primeiro Comandante. A tropa realizou demonstração operacional e desfile de viaturas (ABT-41 e ABT-42).
Em 1987, no 2º Subgrupamento de Incêndio em Blumenau, iniciou-se a implantação do serviço de Atendimento Pré-Hospitalar, realizado por bombeiros socorristas.
Nos anos 1990, na 2ª Companhia de Bombeiros Militar em Chapecó, surgia a atividade de Resgate Veicular.
Em 13 de junho de 2003, com a aprovação da Emenda Constitucional nº 33, o Corpo de Bombeiros deixa de ser parte integrante da estrutura organizacional da Polícia Militar de Santa Catarina. A partir desta data, adquire o status de corporação autônoma, e a denominação Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina.
No ano de 2004, a corporação adotou o fardamento na cor azul bandeirante, padrão que segue até a atualidade. No mesmo ano, iniciou o serviço de cães, no Quartel do CBMSC em Xanxerê.
Em 16 de fevereiro de 2011, visando o aprimoramento na resposta a desastres, eventos extremos e de calamidade pública, com a necessidade do emprego de recursos extraordinários, foi criada e ativada a Força-Tarefa. Sua atuação não restringe-se ao Estado de Santa Catarina; o CBMSC já prestou apoio a outras Unidades da Federação e integrantes da FT já executaram ações a nível internacional. Na mesma data, foi criada e ativada a Coordenadoria de Serviço de Busca, Resgate e Salvamento com Cães.
No ano de 2013, o CBMSC alcançou o poder de polícia administrativa, com o advento da Lei nº 16.157, de 7 de novembro de 2013.
Em 2023, a corporação realizou a maior operação de socorro, com o emprego de todas as equipes especializadas durante as cheias no Alto Vale do Itajaí.
Atualmente, a corporação está presente em 142 municípios catarinenses, com 188 quartéis para atender toda a população com serviços rápidos e de qualidade, fatores que concedem à Santa Catarina o Estado com uma das melhores abrangências de serviços de bombeiros do país.
Acervo histórico
Inaugurado em 18 de dezembro de 2014, o Acervo Histórico do CBMSC reúne em uma sala construída junto ao Centro de Ensino Bombeiro Militar (CEBM) em Florianópolis, equipamentos, viaturas e documentos que ajudam a contar um pouco da história da Corporação catarinense.
Entre os objetos em exposição, a bomba a vapor utilizada no início da atividade de combate a incêndio no Estado, montada sobre um veículo de tração animal, utilizada nas primeiras décadas de atividade para pressurizar a água que extinguia incêndios por Florianópolis – até então a única guarnecida pelo serviço.
Também foi preservado o manuscrito mais antigo da Corporação, escrito pelo Comandante da Seção de Bombeiros da Força Pública, que conta detalhes da ação de combate ao primeiro incêndio por integrantes da instituição recém-criada, em outubro de 1926.
A estes materiais somam-se capacetes, fardamentos, outros equipamentos e registros fotográficos diversos que trazem consigo a história de comprometimento e esforços conjuntos para a honrada missão de salvar vidas e bens alheios no Estado.