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INCÊNDIOS FLORESTAIS: APOIO BRASILEIRO AO CANADÁ E A SITUAÇÃO ATUAL EM SANTA CATARINA

Até o final do mês de agosto uma equipe brasileira atuou em uma missão de cooperação humanitária no Canadá, com o apoio no combate aos incêndios florestais que atingem o país. Foram mais de 30 dias de trabalho. Representando o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC), o cabo Kleber Souza Carneiro, que atua no 1º Batalhão de Bombeiros Militar (1º BBM), com sede em Florianópolis, participou da comitiva. 

O cabo Carneiro é integrante da equipe de Força-Tarefa 01, especializada em atuação em eventos extremos e em 2021 participou do 1º Ciclo de Combate a Incêndios Florestais da Força Nacional, com instrução e nivelamento dos bombeiros, que foram empregados no combate a incêndios florestais na região Centro-Oeste do Brasil.



A missão brasileira foi coordenada pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), e contou com 104 especialistas vinculados ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA); ao Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR); à Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP); e às corporações de bombeiros militares de 20 estados brasileiros e do Distrito Federal, organizadas pelo Conselho Nacional de Bombeiros Militares (LIGABOM).

"Para mim foi uma experiência fora de série, foi talvez a maior experiência da minha carreira e a melhor, devido ao que ela representa, ou seja, a maior missão humanitária do Brasil no hemisfério norte, foi a primeira e a maior da história. Foi uma honra e uma satisfação enorme pra mim, principalmente por ser o único bombeiro catarinense a participar. Foi realmente uma missão muito engrandecedora para minha carreira e também para o estado", declara o cabo Carneiro.

"Trago na bagagem dessa missão novas técnicas, táticas, análise de emprego dos materiais, ferramentas, viaturas, aeronaves, que vamos conversar dentro da nossa Coordenadoria de Combate a Incêndios Florestais, para que possamos aprimorar o que já fazemos e evoluir no que pudermos. Para Santa Catarina este é o maior valor: tanto a experiência que eu levei, quanto a que eu trouxe", afirma.

"Uma das vantagens que eu, aqui de Santa Catarina e os bombeiros do Paraná pudemos contribuir foi em relação ao tipo de vegetação encontrada por lá, muito parecida com a das nossas regiões de reflorestamento, então o know hall foi muito proveitoso para a equipe brasileira e demais equipes mundiais que convivemos", complementa. 



CBMSC alerta: provocar incêndio em mata ou floresta é crime

Um incêndio florestal é o fogo fora de controle em qualquer tipo de vegetação, seja em mata, plantações ou pastos. Na maioria das vezes são causados por ação humana. Os incêndios florestais são crime e resultam na redução da biodiversidade, alteração da fauna, redução da umidade do ar, aumento da poluição e perdas materiais. Outras causas são por acidentes causados por fagulhas de máquinas, rompimentos de cabos de eletricidade e, raramente, causas naturais (raios).

A Lei 9.605/98, chamada de Lei de Crimes Ambientais prevê que causar poluição de qualquer natureza em níveis que resulte ou possa resultar em danos à saúde humana, provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora, é crime. Essa Lei prevê multas e até prisão para quem provocar incêndios em mata ou floresta e, também, para quem fabricar, transportar e/ou soltar balões.

Entre janeiro e agosto de 2023, o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina atendeu 1.853 ocorrências de incêndio em vegetação. Número pouco menor que nos anos anteriores, mas ainda assim elevado. Em 2022 foram 2.081 ocorrências e em 2021 foram 2.733 ocorrências do gênero atendidas. 



Tipos de incêndio e atuação do CBMSC

Por ter uma atuação bastante efetiva na prevenção, as equipes do CBMSC estão sempre prontas para prestar um atendimento eficaz nas ocorrências desta natureza. Em alguns casos, é necessário acionar apoio das equipes de Forças-Tarefa e adotar estratégias específicas para a situação.

Com base no grau de envolvimento de cada estrato do combustível florestal que são as folhas, pequenos galhos, capim seco, arbustos e troncos de árvores é que são classificados os incêndios florestais em: superficiais, de copa e subterrâneos.

Os superficiais têm potencial para queimar todo material combustível até cerca de 1,80 m de altura, enquanto os de copa se propagam pelas copas das árvores, condição onde a velocidade de propagação é maior e mais rápida em virtude da grande circulação de vento. Os incêndios subterrâneos se propagam através das camadas de húmus ou turfa existentes sobre o solo mineral e abaixo do piso natural da floresta.

Há equipamentos e ferramentas específicas para este tipo de ocorrência que visam proporcionar maior abrangência em relação às especificidades do incêndio levando em consideração as características do local, topografia do terreno, tipo de vegetação e tamanho da área atingida.

Nos períodos de maior incidência de incêndios florestais, o apoio da aviação é fundamental. Nesses casos são utilizadas as aeronaves de asa rotativa, também conhecidas como helicópteros, para o monitoramento e para o resgate e descarga de água com o uso de um equipamento móvel reservatório chamado de "Bambi Bucket". Os drones também são fortes aliados nesse tipo de monitoramento. Eles são empregados nas operações de prevenção e combate aos incêndios florestais como uma alternativa segura e econômica para uma fiscalização mais minuciosa das áreas a serem preservadas, para suporte a queimas prescritas, bem como para monitoramento por imagens convencionais ou térmicas da área das operações.



Prevenção

Sabemos que a prevenção é sempre o melhor caminho, por isso o CBMSC orienta que a população não faça limpeza de terrenos ou mesmo coloque fogo em lixo ou pastagens. O período de geadas e estiagem são os mais preocupantes, porém a orientação serve para todos os períodos do ano, pois ações como essa podem causar graves acidentes se considerarmos a possibilidade de ventos que costumam acelerar o processo de propagação das chamas. Fogueiras em áreas de vegetação, bitucas de cigarro na mata ou beiras de estrada são ações que podem parecer inofensivas, mas também podem resultar em incêndios.

Caso aviste um incêndio em vegetação o cidadão deve ligar imediatamente para o CBMSC pelo 193. A tentativa de combate por alguém não capacitado pode ser realizada apenas se o fogo estiver no início, e ainda assim deve ser feito com ferramentas, roupas e equipamentos adequados. Sem os devidos cuidados, a pessoa pode sofrer uma intoxicação pela inalação da fumaça e até mesmo queimaduras em decorrência do forte calor.

Considerando os riscos à vida, bens materiais e ao meio ambiente, a principal orientação é evitar o início do fogo, em quaisquer circunstâncias.


Ocorrências de incêndio florestal de destaque em 2023

No mês de junho, dia 10, uma equipe do CBMSC em São José foi acionada para atendimento a uma ocorrência de incêndio em vegetação que iniciou em lixo e se alastrou para a vegetação próxima a uma plantação de pinus. Devido ao clima seco e forte vento no dia, bem como o relevo acentuado do terreno, o incêndio se alastrou rapidamente. Para este combate foi necessário montar diversos lances de mangueiras na tentativa de conter as chamas. 



Além da equipe que estava de plantão no caminhão auto bomba tanque resgate (ABTR-185), foi necessário solicitar o apoio da equipe que estava a frente do caminhão auto tanque (AT-55) e de uma equipe do quartel de Palhoça que fez o deslocamento com a caminhonete auto resgate (AR-85) equipada com kit pickup, sendo então possível se aproximar de áreas onde o incêndio atingiu a copa de alguns pinheiros.

A aeronave Arcanjo-01, do Batalhão de Operações Aéreas (BOA) do CBMSC também foi empenhada para esta ocorrência realizando sobrevoo na área atingida, indicando locais que apresentavam risco para as edificações no entorno para que as equipes realizassem o gerenciamento necessário em solo.

Veja um vídeo sobre essa ocorrência no aqui.

O trabalho de combate durou cerca de quatro horas e foram necessários aproximadamente 10 mil litros de água que foi transportada pelas viaturas de combate a incêndio empenhadas para essa ocorrência. O incêndio atingiu uma área de aproximadamente um hectare.

Em maio as equipes do CBMSC em Campo Alegre atuaram por três dias em uma ocorrência de incêndio em vegetação na região da rua da Cascata, no município de Campo Alegre. O incêndio foi facilmente alimentado pelas palhas secas que estavam espalhadas em diversos pontos do terreno e pelas condições do vento. Esses fatores foram determinantes para que ocorresse reignição e as equipes tivessem que retornar ao local por mais dois dias para combater novos focos de incêndio. 



O acionamento foi realizado no dia 15 de maio e no local as equipes verificaram que as chamas estavam espalhadas por diversos pontos e por se tratar de um terreno íngreme, foram encontradas diversas dificuldades em combater o fogo, entre elas a locomoção das equipes em alguns pontos onde o terreno era excessivamente inclinado. Outra dificuldade no atendimento a esta ocorrência foi o deslocamento com batedores, bombas costais e soprador na subida, a propagação acelerada de baixo para cima pela inclinação e impossibilidade de acesso com viaturas portadoras de água para o resfriamento de área.

Neste primeiro dia a atuação dos bombeiros durou mais de seis horas e contou com o reforço de uma equipe do CBMSC em São Bento do Sul. O trabalho foi praticamente braçal e demorado. Por volta das 9h do dia 16 as equipes foram até o local para acompanhar a situação e foi verificado que existiam chamas remanescentes, reacendidas pelas palhas secas da vegetação e pelas condições do vento. O trabalho foi retomado e se estendeu até às 18h30min. Neste dia foi necessário o reforço da Defesa Civil Municipal com um trator e um tanque. O trabalho foi dividido entre ataque direto com o tanque da prefeitura e trabalho braçal com ferramentas de sapa e bombas costais. Neste dia foram utilizados cerca de 40 mil litros de água e a área atingida foi de 45 mil km². 



Na manhã do dia 17 a equipe do CBMSC foi até o local para averiguar e novamente verificou a reignição por palhas secas da vegetação e condições do vento. O trabalho foi novamente iniciado para contenção dos cerca de 40 focos de reignição. Foram cerca de duas horas de trabalho com a utilização de ferramentas de sapa e bombas costais e utilização de cerca de 100 mil litros de água.


Créditos:
Texto: Melina Cauduro e Cristina Schulze - assessoria de imprensa do CBMSC
Imagens: Divulgação CBMSC
Assessoria de Imprensa CBMSC: (48) 98843-4427
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